Após acidente trabalhador descobre na venda de Picolé uma nova alternativa de renda e ocupação

Quem nunca enfrentou uma dificuldade na vida? Ou teve que enfrentar um novo recomeço? Com seu Aparecido Vechi, 69 anos não foi diferente, teve que enfrentar o seu recomeço.

Natural de Pongaí, interior de São Paulo, de origem italiana, chegou a Tangará da Serra em 1982, por quatro anos morou na Zona Rural na comunidade de São José e sobrevivia da agricultura familiar, posteriormente fixou residência na Zona Urbana.

Assim como todo desbravador, sofreu bastante vindo para o interior do Estado, mas com muita luta conseguiu manter firme em sua rotina de vida. Casado com Dona Lairce Souza Vechi, 67 anos, pai de 5 filhas, tem 9 netos, conseguiu cuidar de sua família. Até que um dia, teve sua vida modificada por causa de um acidente de trabalho. Há quase 21 anos vem readaptando sua vida em família e principalmente no trabalho. Em função disso, tornou-se então um vendedor autônomo de picolés. Assim, se mantem em atividade produtivo e consegue uma renda a mais para ajudar sua família. Segundo seu Aparecido Vechi, a renda é fundamental para complementar a aposentadoria.

Como aconteceu o acidente?

Descarregando um caminhão de madeira, uma tora escapou, atingindo e decepando a minha perna. Foi um período de muito sofrimento, eu pensava o que vou fazer e como fazer agora? Mas a vida precisa continuar. Não dava mais para ser empregado. Foi então que decidi ser vendedor de picolés e ter um ponto fixo.

O que te fez escolher o mesmo ponto/lugar para vender seu sorvete?

Primeiro, com minha perna mecânica é difícil ficar movimentando de um lado para o outro por isso a ideia do ponto fixo. Segundo, por que nessa praça da antiga Prefeitura é centralizada, muita gente precisa ir aos bancos e agora tem o SINE Há procura por empregos é muito grande e passam todos por aqui, muitos ficam e acaba tomando um sorvete, às vezes até dois. Além disso, tornou-se ponto de encontro para muita gente. Às vezes trocamos até receitas de remédios e curamos muita gente.

Qual é a rotina de trabalho do Senhor?

Eu saio de casa todos os dias às 08 horas da manhã. Passo na sorveteria pego o meu carrinho de picolé e vou devagarinho chego ao ponto por volta das 10 horas e fico lá até às 17:30 horas. E meu neto leva almoço pra mim todos os dias, por isso fico direto.

Essa renda daria para o Senhor sustentar a família?

Não. É um complemento e que ajuda muito. Mas só ela não é suficiente.

O Senhor já tomou algum prejuízo?

Muitos. A semana passada, por exemplo, teve um senhor que tomou onze reais de picolés na hora de pagar disse que não tinha dinheiro e foi embora. Fiquei revoltado, deveria ter pedido porque assim é mais bonito. Eu teria dado. “Aí a gente vê, quem não presta, não presta mesmo”.

Aí você fica pensativo, você está ali o dia inteiro, o calor desse. Aí você manda ir atrás de uma pessoa dessa e depois ele fica te marcando, ainda se fosse um país que tem lei né, mas aqui não tem lei nenhuma, tem lei pro bandido, pro nó cego, mas pro cara que trabalha honestamente não tem.

O que mais te dá alegria no seu dia de trabalho?

As pessoas que passam, conversam. Estes dia um cara de Aripuanã estava ficando no hotelzinho ali do lado chegou lá pra ‘chupar’ picolé e perguntou se eu o lembrava. Mais de dez anos atrás ele veio para Tangará e chupou picolé ali comigo. A gente não lembra de todo mundo, mas é muito bom ser lembrado pelas pessoas.

E as pessoas reclamam quando o Senhor não está no ponto?

Sempre falam. Este dia foi marcar um exame na Central de Regulação e tive que faltar no trabalho, outros colegas picolezeiros falaram que chegaram até parar no lugar que eu fico, mas as pessoas não compravam, logo tinham que seguir. Então é gratificante, agente houve muitas histórias, dá muitos conselhos e ganha confiança de muita gente.

As dificuldades da vida e as limitações físicas não impediram seu Aparecido de continuar lutando em busca de uma condição melhor de vida. Foi nas suas limitações que ele descobriu a profissão de vendedor autônomo na qual desempenha com muito amor e dedicação.

Caleci Almeida

Sirlei Alves

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